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A
família em rede |
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Seymour Papert
Relógio d'Água, 1997
João Pedro da Ponte, refere na
introdução que Papert se insere (…) na perspectiva educativa da
escola nova, reconhecendo-se a proximidade das suas ideias com as de
autores como Dewey, Pestalozzi, Freinet e Montessori (…). No
prefácio de Nicholas Negroponte fundador do Media Lab do MIT [1]
pode ler-se que (…) as crianças já não são uma prótese dos
adultos, para lidarem com as engenhocas electromecânicas. Em vez
disso, trazem |
uma nova cultura ao panorama familiar, uma cultura que tem
no seu âmago os extremos de ser simultaneamente pessoal e global. As
crianças compreendem os computadores porque os podem controlar.
Gostam deles porque podem criar as suas próprias janelas de
interesse (…). |
Em "A família em rede",
Papert convida-nos para mais uma viagem ao mundo da educação e dos
computadores, a que já nos habituou desde o lançamento de "Logo:
Computadores e Educação", uma edição brasileira que teve algum
sucesso em Portugal, em meados dos anos 80. Colocando desta vez o centro
das suas atenções nas utilizações domésticas que se fazem dos
computadores, ele acredita que é no ambiente familiar que se fazem as
melhores utilizações, quer do ponto de vista quantitativo, quer
qualitativo, privilegiando o desenvolvimento de uma cultura de
aprendizagem de estilo familiar, por oposição a uma aprendizagem de
estilo escolar, no sentido de 'imposta pelos outros'.
Também a propósito da oferta
indiscriminada da indústria informática relativamente ao designado 'software
educativo' para crianças, Papert chama a atenção para a necessidade
de uma escolha crítica. Criticando alguns programas que colocam a
ênfase nas capacidades básicas, e especialmente nos seus aspectos mais
rotineiros, ele refere que (…) aprender a tabuada apelando à
memorização mecânica, apesar de se fazer uso do computador, não é
uma maneira nova de aprender matemática. Pelo contrário, é uma
versão polida dos velhos métodos (…).Colocando a ênfase nos
aspectos relacionais e nos ambientes de aprendizagem, Papert afirma que
(…) grande parte dos programas virados para a transmissão de
conhecimentos parecem jogos que empurram a criança para um papel
reactivo. A máquina coloca uma pergunta, a criança responde. A
máquina apresenta uma situação de perigo no jogo, a criança
responde. Devido a um qualquer artifício de linguagem, chama-se a isto
interacção, como se os dois lados, o humano e a máquina, estivessem
numa relação de equivalência. Na minha perspectiva, a posição da
criança é, nos aspectos mais essenciais, fundamentalmente passiva (…).
Importa valorizar as abordagens informais e experimentais das
tecnologias de informação e comunicação, hoje potenciadas com o uso
da Internet, reconhecendo que (…) a contribuição real dos meios de
comunicação digitais para a educação é a flexibilidade que pode
permitir a cada indivíduo encontrar trajectos pessoais para aprender (…).
Um livro que se aconselha a todos os educadores que reconhecem que o
problema da introdução dos computadores na educação, mais do que uma
questão de tecnologia é uma questão cultural.
José Duarte
[1] Massachusetts Institute of
Technology
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