De onde veio a ideia ?
Sendo eu professora de matemática há 6 anos, tenho leccionado
sempre 9º ano e, por isso, tenho-me visto confrontada com o problema que
é motivar jovens de 14 anos para a aprendizagem da geometria,
nomeadamente no que se refere ao capítulo “Circunferência e
polígonos”.
Para leccionar este capítulo, comecei por recorrer ao quadro onde
desenhava as circunferências que me valeram comentários do tipo: “Oh!
Stôra, isso é uma batata ?” ou “A distância do centro à
circunferência é mesmo igual em todos os sentidos ?”.
Numa segunda fase, optei pela utilização de transparências que me
resolveram o problema da imperfeição das figuras, mas uma outra
dificuldade permanecia, que era a de mostrar aos alunos as relações
entre os ângulos e os arcos de uma circunferência.
Por tudo isto, aderi com muito entusiasmo ao programa Geometer’s
Sketchpad que me ajudou também a proporcionar aos alunos aulas de
carácter investigativo.
Caracterização
O meu trabalho foi desenvolvido com duas turmas de 9º ano da Escola
Básica dos 2º e 3º Ciclos de Aranguez, envolvendo 28 alunos, que
foram distribuídos por 10 computadores, originando grupos de 2 e de 3
alunos em cada.
Descrição
Com o auxílio de fichas onde constavam “pistas” para a
investigação pretendida, os alunos construíram figuras ou completaram
algumas já construídas e tiraram conclusões sobre os resultados que
obtiveram.
Foi necessário, numa primeira aula e com o auxílio de uma
transparência, mostrar-lhes as finalidades de cada um dos ícones e de
cada uma das funções do programa.
Tendo só aprendido as definições de ângulo inscrito, ângulo ao
centro e arcos correspondentes, os alunos iniciaram a sua investigação
no que diz respeito à relação entre ângulos e arcos.
As primeiras dificuldades que surgiram prenderam-se com a manipulação
do próprio programa : ”Isto não mexe, Stôra” ou “Como é que eu
meço o arco ?”, etc...
Mas não há dúvida que eles pertencem à geração das novas
tecnologias, pois estas dificuldades depressa foram ultrapassadas, dando
lugar a outras que se relacionaram com a interpretação dos resultados
e com o registo das conclusões.
Estas aulas foram sendo intercaladas com outras em sala de aula ‘normal’,
com o objectivo de debatermos as conclusões a que cada grupo tinha
chegado e assim consolidarmos definições, propriedades e conceitos que
foram posteriormente registadas num relatório efectuado por cada grupo.
Apreciação crítica
A utilização dos computadores para leccionar este capítulo
originou, por parte dos alunos, opiniões do tipo:
“As aulas aqui são mais fixes”
“Assim percebo melhor a matéria porque posso mexer nos ângulos”
“Estas aulas motivam mais os alunos”
etc...
Esta experiência foi, quanto a mim, positiva. No entanto, pareceu-me que
inicialmente o interesse dos alunos era totalmente canalizado para as
novas tecnologias e só posteriormente, foram conseguindo relacionar a
utilização do computador com a aprendizagem da matemática.
Cabe-nos então a nós, professores, encontrar a melhor forma de
utilizar este tipo de recursos, pois não basta colocar os alunos em
frente ao computador e esperar que a motivação pela aprendizagem da
matemática surja, sem que seja necessário mais nada.
Isabel Maria Aleixo dos Reis Gorgulho
Escola Básica 2,3 de Aranguez - Setúbal
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