O desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem na turma do 7ºD da Escola Secundária D. João II em Setúbal, com 29 alunos, foi extremamente difícil desde o início do ano lectivo. As causas detectadas foram fundamentalmente a desmotivação da maior parte dos alunos para a escola, a falta de normas de conduta e sentido cívico, que geraram graves perturbações no decorrer das aulas. A constante revisão das planificações e a diversificação de estratégias não permitiram ultrapassar a situação, indicando um insucesso generalizado no final do ano lectivo.

Foi-me sugerida a alternativa de passar a utilizar o computador como ferramenta de trabalho, o que se afigurava uma “aventura perigosa”, já que não tinha a mínima experiência desse tipo de trabalho, e desconhecia mesmo as regras básicas da utilização. Paciência e capacidade de persuasão não faltaram a quem foi esbatendo as minhas resistências, e o projecto nasceu. Tendo aprendido o essencial da “Oficina do Livro”, o caminho estava aberto, apesar das dúvidas e incertezas.

Descrição da Experiência

Definidos os objectivos do projecto com os alunos, foi lançado um inquérito quanto às suas expectativas em relação a esta nova proposta de trabalho. A turma C mostrou entusiasmo, a turma D recebeu a proposta com cepticismo, prevendo mesmo que o comportamento poderia vir a agravar-se ainda mais, uma vez que as actividades se iriam desenvolver em trabalho de grupo de dois e três alunos por posto, na Sala Nónio, com cerca de 12 computadores. No dia 25 de Fevereiro foi feita a primeira experiência na referida sala. 

Aula Experimental

A organização dos alunos na sala foi deixada ao critério dos mesmos. 

A maior parte dos alunos compareceu antecipadamente. 

Estiveram atentos à explicação do funcionamento do programa no ecrã gigante, feita por uma profª da equipa Nónio. 

Iniciaram a tarefa proposta (organização de objectos num quarto - descrição) com muito interesse, solicitando constantemente a actuação das professoras presentes para dúvidas. 

Não fizeram barulho e o comportamento melhorou significativamente em relação às aulas normais, sobretudo no 7ºD. 

Manifestaram interesse em voltar a ter aulas na sala de computadores. 

Alguns alunos foram para aquela sala no período da tarde, trabalhar na “Oficina do Livro”.Uma surpresa inesperada. 

Seguiram-se mais algumas aulas naquela sala até ao final do ano lectivo. Nas primeiras esteve sempre presente a profª da equipa Nónio, cuja ajuda foi preciosa para dar assistência às muitas solicitações dos alunos. A estratégia utilizada foi treinar os conteúdos na sala de aula normal, e fazer trabalho final de produção nos computadores. Foram produzidos trabalhos sobre “The House_ Furniture”; “Prepositions”; “Comparison of Adjectives”; “If Clauses” e “Present Simple/Continuous” com a ajuda do programa “Oficina do Livro”.

Os “Modal Verbs” foram trabalhados no âmbito do projecto Área Escola com o WordArt do processador de texto.

Avaliação dos Alunos

No final do ano lectivo os alunos manifestaram a sua opinião sobre a experiência, e a opinião foi quase unânime ao considerarem que tinha havido uma melhoria muito significativa no comportamento e interesse, e tinham aprendido melhor. Todos expressaram desejo de continuar com a experiência no próximo ano lectivo. 

Avaliação da Professora

A situação de insucesso não foi ultrapassada em muitos casos, até pelo número reduzido de aulas na sala Nónio. Foi no entanto extremamente gratificante ver os alunos respeitarem o espaço em que se encontravam, sobretudo respeitarem-se mutuamente, coisa que normalmente não acontecia na sala de aula normal.

Foi bem mais fácil ensinar, foi bom aprender. Valeu a pena.