... a defesa das ideias


Às quartas • 18/09/2002
José Duartepor José Duarte
(Professor Adjunto do Departamento de Tecnologias
de Informação e Comunicação da ESE
)


A
Internet no 1º ciclo - vem aí algum apoio

Se alguma coisa os políticos disseram e fizeram, um exemplo encontra-se na ligação de todas as escolas portuguesas do 1º ciclo à Internet, sem qualquer custo para as escolas e os utilizadores, professores e alunos.

O anterior ministro da Ciência e Tecnologia, Professor Mariano Gago, apostou e ganhou. Muitas reservas se colocaram na altura sobre o alcance das suas palavras, habituados que estamos às promessas que o vento leva. Eu próprio me questionei sobre o real alcance da medida, mesmo que ela se concretizasse, como se veio a verificar. Tratava-se afinal e apenas (...!!) de colocar um computador com ligação à Internet, mas daí nada se poderia inferir.

O que se iria passar em seguida? Seria bem guardado num cofre pela falta de segurança? Seria votado ao abandono, porque ninguém na escola sabia o que fazer com ele? Quem cuidaria de lhe dar vida, ajudando-o a transitar da fase de mero indicador estatístico para bom uso na comunidade europeia, para a fase de ferramenta capaz de produzir o jornal escolar ou o folheto da visita de estudo, de permitir a pesquisa de informação pertinente para o projecto sobre o ambiente ou de comunicar por correio electrónico com outra turma do norte do país ou do Brasil, sobre questões do património local, potenciando junto dos alunos aprendizagens significativas de que a nossa escola tanto carece?

A FCCN (Fundação para o Cálculo Científico Nacional) forneceram a componente técnica e a UARTE (Unidade de Apoio à Rede Telemática Educativa) montou na Internet uma plataforma de ideias e materiais pedagógicos de apoio à sua utilização educativa (vale a pena dar uma olhadela em www.uarte.pt), mas o apoio no terreno continuava em falta.

No ano lectivo passado, todas as Escolas Superiores de Educação e algumas Universidades assinaram com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) um protocolo onde se comprometiam a fazer, em 2002-2003, três a quatro dias de acompanhamento pedagógico às escolas do 1º ciclo, com o objectivo de dotar os professores e alunos de algumas competências básicas em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), nomeadamente através da capacidade de produção de uma página na Internet.

Claro que ter uma página na Internet pode não significar nada em si mesmo. Qualquer utilizador regular a pode fazer sozinho em casa, colocar lá a fotografia das instalações, o nome dos professores e o número e constituição das turmas, o regulamento... e pronto. Depois é só publicar na Internet, o que está garantido pela UARTE. E os professores da escola, o que aprenderam com isso? Sentir-se-ão as crianças identificadas com uma página na qual não participaram? Os seus desenhos estão lá? A história que escreveram e contaram aos outros a semana passada tem aí visibilidade? A visita ao museu ou ao Zoo têm um lugar aí reservado? Ela serve para divulgar os seus projectos, conhecer os projectos de outras crianças e promover o intercâmbio?

Ora é exactamente esta tarefa imensa que está atribuída à Escola Superior de Educação de Setúbal nas 310 escolas do distrito de Setúbal e que será partilhada com todos os Centros de Formação de Professores (14) existentes no nosso distrito: dar mais visibilidade ao trabalho que alunos e professores vão desenvolvendo na sua actividade quotidiana, mostrá-la aos pais, à comunidade próxima e ao mundo, contribuindo para a valorização profissional dos professores, para a inclusão das crianças e para a quebra de algum isolamento que se faz sentir neste nível de ensino, em particular nas escolas de pequena dimensão.

Senhores professores. Senhoras professoras. Caros alunos. Pais.

Minhas senhoras e meus senhores.

Fazem o favor de tomar a palavra!