por
José Duarte
(Professor
Adjunto do Departamento de Tecnologias
de Informação e Comunicação da ESE)
A Internet
no 1º ciclo - vem aí algum apoio
Se
alguma coisa os políticos disseram e fizeram, um exemplo
encontra-se na ligação de todas as escolas portuguesas
do 1º ciclo à Internet, sem qualquer custo para as escolas
e os utilizadores, professores e alunos.
O
anterior ministro da Ciência e Tecnologia, Professor Mariano
Gago, apostou e ganhou. Muitas reservas se colocaram na
altura sobre o alcance das suas palavras, habituados que
estamos às promessas que o vento leva. Eu próprio me questionei
sobre o real alcance da medida, mesmo que ela se concretizasse,
como se veio a verificar. Tratava-se afinal e apenas (...!!)
de colocar um computador com ligação à Internet, mas daí
nada se poderia inferir.
O
que se iria passar em seguida? Seria bem guardado num
cofre pela falta de segurança? Seria votado ao abandono,
porque ninguém na escola sabia o que fazer com ele? Quem
cuidaria de lhe dar vida, ajudando-o a transitar da fase
de mero indicador estatístico para bom uso na comunidade
europeia, para a fase de ferramenta capaz de produzir
o jornal escolar ou o folheto da visita de estudo, de
permitir a pesquisa de informação pertinente para o projecto
sobre o ambiente ou de comunicar por correio electrónico
com outra turma do norte do país ou do Brasil, sobre questões
do património local, potenciando junto dos alunos aprendizagens
significativas de que a nossa escola tanto carece?
A
FCCN (Fundação para o Cálculo Científico Nacional) forneceram
a componente técnica e a UARTE (Unidade de Apoio à Rede
Telemática Educativa) montou na Internet uma plataforma
de ideias e materiais pedagógicos de apoio à sua utilização
educativa (vale a pena dar uma olhadela em www.uarte.pt),
mas o apoio no terreno continuava em falta.
No
ano lectivo passado, todas as Escolas Superiores de Educação
e algumas Universidades assinaram com o Ministério da
Ciência e Tecnologia (MCT) um protocolo onde se comprometiam
a fazer, em 2002-2003, três a quatro dias de acompanhamento
pedagógico às escolas do 1º ciclo, com o objectivo de
dotar os professores e alunos de algumas competências
básicas em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC),
nomeadamente através da capacidade de produção de uma
página na Internet.
Claro
que ter uma página na Internet pode não significar nada
em si mesmo. Qualquer utilizador regular a pode fazer
sozinho em casa, colocar lá a fotografia das instalações,
o nome dos professores e o número e constituição das turmas,
o regulamento... e pronto. Depois é só publicar na Internet,
o que está garantido pela UARTE. E os professores da escola,
o que aprenderam com isso? Sentir-se-ão as crianças identificadas
com uma página na qual não participaram? Os seus desenhos
estão lá? A história que escreveram e contaram aos outros
a semana passada tem aí visibilidade? A visita ao museu
ou ao Zoo têm um lugar aí reservado? Ela serve para divulgar
os seus projectos, conhecer os projectos de outras crianças
e promover o intercâmbio?
Ora
é exactamente esta tarefa imensa que está atribuída à
Escola Superior de Educação de Setúbal nas 310 escolas
do distrito de Setúbal e que será partilhada com todos
os Centros de Formação de Professores (14) existentes
no nosso distrito: dar mais visibilidade ao trabalho que
alunos e professores vão desenvolvendo na sua actividade
quotidiana, mostrá-la aos pais, à comunidade próxima e
ao mundo, contribuindo para a valorização profissional
dos professores, para a inclusão das crianças e para a
quebra de algum isolamento que se faz sentir neste nível
de ensino, em particular nas escolas de pequena dimensão.
Senhores
professores. Senhoras professoras. Caros alunos. Pais.
Minhas
senhoras e meus senhores.
Fazem
o favor de tomar a palavra!
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