por
Mª do
Rosário Rodrigues
(Professora
do Departamento de Tecnologias de Informação e
Comunicação da ESE de Setúbal)
Internet nas Escolas de
1º ciclo
Durante o ano lectivo de 2002/2003 decorreu, em todo
o país, um projecto de apoio do uso educativo da
Internet nas escolas do 1º ciclo do Ensino Básico (EB1).
O anterior Ministro da Ciência e Tecnologia, Prof.
Mariano Gago, colocou um computador em cada EB1 do país,
em articulação com as Câmaras Municipais, e sabia que
não bastava colocar computadores na escola, era também
necessário despoletar vontades para que professores e
alunos os utilizassem integrados nas actividades da
escola.
Este projecto teve, no distrito de Setúbal, algumas
características únicas: foi universal porque englobou
todas as EB1, foi desenvolvido em contexto porque o
processo de formação decorreu nas próprias EB1 e foi
construído no respeito pela realidade de cada EB1 porque
se tentou que em cada escola ele se desenvolvesse de
acordo com as actividades que a EB1 tinha planeado para
o ano lectivo.
Assim, no distrito de Setúbal houve 305 EB1 envolvidas
neste processo de formação. A formação foi coordenada
pela Escola Superior de Educação que, em conjunto com os
Centros de Formação de Professores do distrito,
asseguraram mais de 1.000 visitas às EB1. As deslocações
e o processo de formação nas EB1 foram assegurados por
uma equipa com cerca de 90 professores.
Foi um processo de grande movimentação no distrito, só
possível com a colaboração das Câmaras Municipais que
são responsáveis pela manutenção dos computadores
colocados nas EB1.
Num processo de formação com esta dimensão é difícil
medir os resultados. Quando os resultados são
apresentados numa forma numérica parece haver um grande
sucesso, nomeadamente pelo número de visitas efectuadas
(cerca de 1.500, com duração aproximada de 5.400 horas),
mas também porque cerca de 89% das EB1 tinha, no final
do ao lectivo, a página da escola publicada na Internet.
Mas é também importante perceber se o projecto promoveu
a utilização dos computadores e da Internet junto dos
professores e alunos das EB1. E esta é uma conclusão
difícil de retirar, fundamentalmente porque não há um
modelo de escola deste ciclo de ensino. A diversidade de
realidades é muito grande e tem várias dimensões:
existem escolas com um único professor e outras com mais
de vinte professores; cerca de metade das escolas estão
localizadas em centros urbanos mas a outra metade é de
zonas rurais; e o número e computadores por escola é em
média 4 no entanto a esmagadora maioria das escolas só
possui um com ligação à Internet e são poucas escolas
com um Centro de Recurso onde existam vários
computadores. Estas características determinam
realidades muito diversas.
Por tudo isto o desenvolvimento que o projecto provocou
nas escolas é também muito diverso. Nas escolas em que
havia alguma dinâmica com estas tecnologias foi possível
resolver problemas e publicar na Internet resultados de
projectos desenvolvidos com os alunos. Noutras, as
muitas que agora iniciaram a utilização destas
tecnologias, quebraram-se algumas barreiras mas para que
haja um trabalho efectivo com alunos e professores é
ainda necessário que este projecto continue.
O actual Ministério da Educação com a sua actual
política de redução de gastos, não esteve envolvido
neste projecto pelo que o trabalho desenvolvido por
professores e alunos não tem qualquer reconhecimento
formal. Mais uma vez se trata de um trabalho de grande
empenho de professores deste nível de ensino sem que a
tutela o reconheça.
Numa altura em que ainda decorrem negociações para a
continuidade do projecto, temos ainda a esperança que as
lógicas orçamentais de contenção não limitem um projecto
com estas características, que sendo na sua grande
maioria financiado por dinheiros comunitários, é
importante para que os computadores não se reduzam a
elementos de decoração nas escolas do 1º ciclo. |