A batalha da língua portuguesa
Jornal de Notícias
(Edição Electrónica), 2 de Fevereiro de 2000
"A
grande batalha da língua não pode ser perdida. Já não tivemos o apoio
suficiente de Portugal que nos permitisse ganhar a batalha da moeda (o escudo
foi preterido para o dólar norte-americano durante o período de transição).
Contámos apenas com o nosso apego a Portugal na defesa do escudo e não
conseguimos vencer a avalancha que veio do outro lado". Ao aviso de João
Carrascalão, Guilherme d'Oliveira Martins, ministro da Educação, responde com
garantias de total empenhamento e determinação.
"Estou
optimista e, sobretudo, bastante determinado. Aliás, o facto de acompanhar o
presidente a Timor revela o meu empenhamento na batalha da educação e da língua
Portuguesa", disse o ministro ao JN.
Guilherme
d'Oliveira Martins reconhece, porém, as dificuldades que terão de ser
enfrentadas. Desde logo a circunstância de as gerações mais novas não falarem
Português. Por isso, afirma que está a ser seguida uma "estratégia muito
rigorosa" que dê corpo a um "efeito multiplicador": formar
educadores e professores no território, pois só assim será possível chegar a
toda a população.
Nesse
sentido, está já em Timor um primeiro grupo de 15 professores encarregado da
reciclagem e da formação de 200 docentes do Ensino Básico em Díli e em Baucau,
numa acção que se prolongará por cinco semanas.

Brevemente,
partirá um outro grupo com a missão de formar professores de Português como língua
estrangeira. Seguir-se-ão os ensinos Secundário e Universitário. No total,
segundo o Ministério, estarão envolvidos cerca de 500 professores, além de que
irá ser dado, também, apoio à evolução e estudo das bases do sistema educativo.
O
ministro diz que não vai a Timor para "anunciar medidas
espectaculares", mas, sim, para contactar com quem já está no terreno e,
assim, verificar as dificuldades, bem como para proceder a um levantamento de
tudo aquilo que tem de ser feito com carácter de urgência.
Uma
das principais preocupações tem a ver com as necessidades em termos de
materiais didácticos. Oliveira Martins refere que está a ser feito um
levantamento rigoroso: "Não se trata de mandar apenas livros, mas de dotar
os formandos com livros, gramáticas e dicionários adequados".