Estudantes da ESE acordados

 

O aumento das propinas, a degradação das instalações da escola, a falta de material tecnológico, o atraso na abertura da terceira fase da residência de estudantes e ausência de avaliação de professores levaram cerca de três dezenas de alunos da Escola Superior de Educação (ESE) de Setúbal a permanecer uma noite de vigília nas instalações da escola, entre terça e quarta-feira, como sinal de protesto.  

Segundo Sandra Carvalho, da associação de estudantes, «a escola foi concebida para cerca de 500 alunos e acolhe neste momento 800». Á falta de espaços, acrescenta a «falta de material informático», o que tem vindo a «agravar-se de ano para ano, essencialmente devido à abertura de novos cursos e à inscrição de mais alunos».

A noite de chuva, que foi usada como argumento para a pouca adesão à vigília, não desmotivou alunos como Ana Rocha que lamenta que a terceira fase da residência de estudantes não esteja a funcionar, embora já se encontre concluída. «Dizem-nos que não há verbas para a equipar o que é pena, pois trata-se de um dos melhores equipamentos do país».

Para a aluna a falta de verbas tem vindo a «agudizar-se desde a tomada de posse do actual Governo», ao mesmo tempo que protesta por as propinas deste ano terem «aumentaram em mais de 100 por cento em comparação com o ano anterior». «Estamos a pagar uma propina anual no valor de 780 euros. Aumentaram-nos 80 euros, o que é de lamentar pois há muitos estudantes com dificuldades económicas».

«Alguns estudantes fazem uma grande ‘ginástica’ para pagarem as propinas. Se a educação é um direito fundamental a qualquer cidadão não se percebe esta atitude», acrescenta Pedro Zagalo. Para este aluno o único factor positivo foi «a descida de preços das refeições no refeitório»

O aumento das propinas também não é coisa do agrado da directora do Conselho Executivo da ESE, mas para Albertina Palma trata-se de um mal necessário.«Este aumento destina-se a equilibrar o orçamento para 2005, dado que a escola se encontra em contenção de despesas e com um saldo negativo na ordem dos 350 mil euros proveniente das despesas do Orçamento global de 2004».

A responsável lamenta que se tenha que aumentar as propinas numa área geográfica carenciada como a de Setúbal. Porém, «a margem de manobra da escola é escassa e se nos queremos afirmar como uma escola de futuro não nos restam alternativas sustentáveis».
Todavia, «têm sito tomadas medidas para minorar as dificuldades daqueles que não têm direito à bolsa do Serviço de Acção Social, estando neste momento a ser analisados processos de alunos encaminhados pela associação de estudantes e coordenadores de curso», refere Albertina Palma.

 

António Luís - 2004-11-03