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1. C.R.I.Ar (Centro de Recursos Interdisciplinares de
Aranguez) … um espaço.
Em Fevereiro de 98, apresentámos a candidatura ao Programa da Rede de Bibliotecas Escolares, tendo a escola sido seleccionada em finais de Maio, altura em que
enviámos orçamentos e plantas do espaço a intervencionar.
Ao nível das instalações, as principais preocupações foram de reorganizar e ampliar ao máximo o espaço disponível, interligando todas as salas contíguas
e de potenciar a articulação com outros projectos (integrados no Programa Nónio - Século XXI), que era dificultada pelas barreiras físicas existentes.
Relativamente ao fundo documental, a sua aquisição teve em linha de conta as consultas efectuadas aos grupos disciplinares e responsáveis por projectos e
estruturas da escola (Coordenação dos Directores de Turma, Equipa dos Apoios Educativos, responsáveis pela Sala de Estudo) e o levantamento de sugestões dos utilizadores do C.R.I.Ar.
Houve a preocupação de dar resposta às necessidades/interesses dos alunos (de acordo com as faixas etárias e o meio sócio-económico e cultural envolvente),
bem como das diferentes disciplinas e projectos de trabalho da escola. Pretendeu-se assim adequar o fundo documental adquirido às características da escola e da comunidade em que se insere,
completando colecções já iniciadas, adquirindo obras de referência recentes e actualizadas, aumentando o número de livros destinado à maior faixa etária dos nossos alunos (dos doze aos
quinze anos) e investindo em documentos audiovisuais e multimédia, essencialmente adequados aos novos espaços criados.
Para fazer face à aquisição de todos estes recursos, foi atribuída à Escola pela DREL uma verba de 7.500 contos.
2. Vida e obra recente … algumas dificuldades
O ano de 98/99, ano de reorganização do C.R.I.Ar. foi muito difícil e irregular com obras a decorrerem durante todo o primeiro período lectivo e com
mobiliário a ser entregue a meio do ano, o que originou uma segunda interrupção temporária, para organização e catalogação de todos os documentos, de acordo com a classificação Decimal
Universal.
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Após o final das obras e um certo espaço de tempo para arrumação e organização, o Centro de Recursos foi inaugurado a 13 de
Janeiro de 99, em colaboração com o Projecto Nónio. Foi organizada uma exposição de todo o fundo documental adquirido, realizadas visitas guiadas e ainda uma “Mostra de Ideias e
Materiais “. |
Foi um ano de grande investimento e desgaste pessoal também, em termos de organização, quer dos novos espaços, quer do fundo documental existente e do
entretanto adquirido.
Neste momento, o C.R.I.Ar. dispõe de instalações exclusivas, espaçosas e agradáveis, de fácil acesso e adequadas às suas novas actividades e funções (
informação, recreação ... produção).
Está organizado em vários espaços interligados: Zona de Acolhimento, Zona de Leitura Informal, Zona de Consulta de Material Impresso, Zonas de Trabalho
Individual e de Grupo, Zonas de Consulta Audio e Vídeo, Zona Multimédia/Internet, Zona de Produção Gráfica, Gabinete de Trabalho e de Produção Audiovisual e Sala Multidismédia.
3. Como envolver os alunos ?
Ao longo de todo o processo de lançamento, organização e funcionamento do Centro de Recursos, foi nossa preocupação dominante o envolvimento de todos os
alunos.
Pretendíamos criar laços afectivos e um sentimento de pertença que permitisse a apropriação, pelos alunos, dos espaços, dos equipamentos e das regras de
funcionamento, bem como o lançamento de projectos continuados e participados de colaboração com o C.R.I.Ar., em vários contextos.
Neste sentido, foram várias as iniciativas tomadas, das quais destacamos :
- Visitas guiadas a todas as turmas da escola, do 5º ao 9º anos, para apresentação dos novos espaços e das regras de funcionamento de cada um.
- Visitas guiadas a todos os Encarregados de Educação dos alunos de 5º ano.
- Envolvimento de todos os alunos interessados em tarefas de organização, tendo um número muito significativo de alunos participado na organização do fundo
documental.
- Divulgação mensal das presenças no C.R.I.Ar., por turma e ano de escolaridade.
- Atribuição de diplomas, através dos Directores de Turma, às turmas que, mensalmente e por período, registaram mais presenças no Centro de Recursos.
- Informação regular a todas as turmas da escola, com o objectivo de manter os alunos informados das várias actividades e fases de organização.
- Recolha de sugestões para ampliação do fundo documental (livros, revistas, C.D.roms, C.Ds audio, etc.) e divulgação das novas aquisições.
- Recolha de críticas e de sugestões relativamente ao funcionamento do Centro de Recursos.
- Agradecimento público aos alunos que colaboraram com o Centro de Recursos, ao longo do ano.
- Lançamento da figura do “Aluno Monitor” e distribuição de diplomas a todos os alunos monitores, em festa, no final do ano lectivo.
4. Alunos monitores – porquê e para quê ?
O lançamento da figura do aluno monitor, além de ter objectivos de ordem pedagógica, assumiu-se também como uma das formas de responder à grande frequência
do Centro de Recursos, a qual tem vindo a aumentar, e de minorar o problema da insuficiência de funcionárias auxiliares de acção educativa (apenas 2), que asseguram o funcionamento do Centro
de Recursos durante dez horas por dia, cinco horas das quais com uma funcionária apenas.
Este trabalho foi realizado com um total de 32 alunos, distribuídos da seguinte forma, por ano de escolaridade e por sector:


Os objectivos de natureza pedagógica foram:
- Desenvolver capacidades de autonomia, cooperação, responsabilidade e organização;
- Desenvolver competências no domínio da informação impressa, audiovisual e multimédia;
- Contribuir para a construção da sua própria aprendizagem, envolvendo-os de uma forma mais directa e responsável.
5. Fases de um percurso
O trabalho com os alunos monitores estruturou-se a partir das visitas guiadas a todas as turmas da escola, que se realizaram após a inauguração do Centro de
Recursos. Depois de uma fase inicial para inscrições, os alunos que se ofereceram como voluntários foram distribuídos pelos vários sectores (Informática, Audiovisuais e Leitura), de acordo
com os seus interesses e disponibilidades de horário, mediante autorização do Encarregado de Educação. Foram previamente definidas as funções dos monitores nos vários sectores criados e
foi atribuído um cartão de monitor (ao lado) que todos passaram a utilizar, durante as suas horas de trabalho voluntário no C.R. C.R.
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Os alunos que se ofereceram como monitores para o sector de Informática, realizaram um teste para avaliação das competências, previamente definidas como
necessárias ao desempenho das suas funções. Nos outros sectores, os monitores tiveram uma formação inicial e posterior enquadramento nas suas funções pelos professores e funcionários do
C.R. |
A equipa coordenadora do C.R. realizou várias reuniões com os alunos monitores, ao longo do ano lectivo, para identificação de dificuldades e sucessos,
levantamento de sugestões e preparação de actividades a desenvolver pelo
6. Apreciações dos alunos sobre o trabalho realizado
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Todos os alunos preencheram um inquérito, cujos dados foram tratados, sendo objecto de apresentação e discussão. Em termos globais, a maioria dos alunos
avaliou como "Bom" o trabalho que realizou no C.R., havendo mesmo seis alunos que o classificaram de "Muito Bom". Só quatro alunos dos mais velhos (de 7º e 9º anos) não
referiram qualquer dificuldade em cumprir as tarefas que lhes foram confiadas. Para os outros, a dificuldade mais sentida foi a de se fazerem respeitar e impor a sua autoridade relativamente
aos colegas, logo seguida de problemas com o equipamento. Algumas destas dificuldades foram sendo progressivamente atenuadas, à medida que a competência dos monitores se foi impondo. |
Os aspectos mais valorizados como positivos foram a oportunidade de ajudar colegas mais novos e o reconhecimento pela ajuda prestada,
sobretudo no sector de Informática, onde os alunos têm ainda muitas dificuldades e precisam de ser apoiados. Foram também referidos como aspectos mais positivos, a ajuda prestada no controlo
do número de utilizadores nos vários sectores e na organização do material, como jogos, vídeos e CDs. Relativamente ao funcionamento do C.R., os monitores deram várias sugestões de
organização e de aquisição de material, que foram sendo seguidas ao longo do ano. |
7. Perceber o perfil dos alunos para prosseguir
No início deste ano lectivo (99/2000), voltámos a lançar o projecto dos alunos monitores mas quisemos fazê-lo de uma forma mais estruturada, fazer um
acompanhamento mais continuado destes alunos. Queríamos saber quem são os alunos monitores, o que é que têm de especial, de diferente. O que é que os faz oferecerem-se para este trabalho
voluntário, nas suas horas livres, quais são as suas expectativas. Para isso, no início do ano elaborámos um pequeno inquérito com duas questões, distribuído a 58 alunos (ver gráficos)
que se ofereceram como monitores. As questões colocadas foram as seguintes:
- Por que razão te inscreveste como monitor(a) do Centro de Recursos? O que pensas aprender com esta experiência ?
Caracterização dos inquiridos


8. Apreciação das expectativas dos alunos
Os resultados que apresentamos a seguir, ilustrados com algumas das respostas dadas, permitem começar a traçar o perfil destes alunos, crianças curiosas, com
iniciativa, generosas, mas também crianças nem sempre adaptadas aos ritmos, às exigências, às barreiras e limitações da sala de aula e do currículo. Por vezes até com alguns problemas de
comportamento, a quem não é vulgar serem solicitadas competências no domínio da autonomia e da responsabilidade, numa perspectiva de igualdade. Para estas crianças, as funções que exercem
como monitores são funções de utilidade pública, socialmente valorizadas, e isso faz toda a diferença.
Por outro lado, perpassam por muitas das respostas concepções de aprendizagem que se poderiam resumir nas máximas "Quem não sabe ensina" ou "É
a ensinar que se aprende" :
- Espero aprender muitas coisas novas e enquanto vou ajudando os outros vou aprendendo. (Alexandra 5º B)
- Eu vou aprender a ter mais experiência com colegas que sabem mais do que eu. (Pedro 8ºF)
- Penso aprender coisas interessantes, em que eu os ajudo e eles me ajudam a mim. (Marta 5ºJ)
- Penso que posso aprender a fazer mais coisas que não sei. (Bruno 7º B)
Os resultados do inquérito abaixo discriminados, são elucidativos das razões que levaram estas crianças a participar neste projecto e das suas expectativas
relativamente a ele. Do nosso ponto de vista, estes alunos estão agora mais capazes de usar e "abusar" do C.R.I.Ar. porque participaram activamente na sua construção e só esperamos
tê-los ajudado a crescer no caminho da autonomia e da cidadania e ter contribuído para tornar algumas dessas expectativas em realidade.
9. Resultados do inquérito :
Pergunta: Por que razão te inscreveste como monitor(a) do Centro de Recursos ?
- Desejo de ajudar ......................(91%)
Colegas ....... |
Saber fazer... |
69% |
Saber ser...... |
12% |
Funcionários........................ |
10% |
- Desejo de aprender ..................(53%)
Competências sociais............. |
34% |
Competências técnicas .......... |
19% |
- Ocupação de tempos livres .........15%
Pergunta: O que pensas aprender com esta experiência ?
- Aquisição de competências sociais (*)...... 66%
- Aquisição de competências técnicas ........ 33%
- Outras................................................ 14%
Autocentradas, centradas no seu próprio desenvolvimento Centradas na relação com os outros
Centradas nos processos e nas técnicas – “Aprender a ensinar”
ANEXO - alguns testemunhos dos alunos que constituem a evidência que permitiu dar corpo à categorização acima organizada em tabelas.
Maria Leonor Moreira
Maria Manuela Parreira
Escola Básica 2,3 de Aranguez - Setúbal
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