Minerva e o poder das Metamorfoses. Questões de Protecção, Ética e Segurança na Internet


José Luís Ramos
,Universidade de Évora

Trata-se de uma comunicação que pretende ser uma reflexão sobre o passado, mas sobretudo sobre o futuro.
E este exercício de memória começa com uma coincidência, ou talvez não. É que, agora que me é pedida uma (re) visita à História e à Memória, a primeira ideia que me ocorreu foi: qual foi o meu primeiro contacto no âmbito do Projecto Minerva? Quais eram as questões de me ocupavam, qual foi o meu contributo, modesto que tenha sido?

Pois bem, foram precisamente as questões que fazem parte do título desta comunicação, numas Jornadas dos Centros Escolares Minerva, realizadas no Monte da Caparica, em 1988, creio.

E agora, passados tantos anos, que questões me ocupam (e preocupam), qual é o meu contributo, por modesto que seja, relativamente ao futuro da integração das TIC na Educação? Pois bem, são precisamente as questões que fazem parte do título desta comunicação.

Esta coincidência, uma vez que tenho diversificado a minha actividade por outras áreas no campo da Tecnologia Educativa, foi a inspiração para esta reflexão que agora partilho convosco.

A deusa Minerva, que inspirou o nosso Projecto desde a sua criação, tem ela própria a sua história e que não deixa de ser curiosa, agora que recorremos à memória para recuperar tempos, experiências e saberes.

A deusa Minerva, aparentemente, terá feito de si própria o alvo e o objecto de muitas metamorfoses, isto é, pôde, como ser divinal, recorrer a alguns atributos e assumir formas diversas para alcançar os seus fins. A esta possibilidade, apenas podia recorrer os deuses ( que não os humanos) quando queriam alcançar determinados objectivos e não o poderiam fazer se acaso não fosse assumindo uma forma diferente. Em alguns casos, abusavam mesmo da referida capacidade, como era, por exemplo, o caso de Júpiter, que, para seduzir a Europa, uma princesa fenícia, se transformou em Touro!

Assim e pelo que sabemos de Minerva, esta tem origem na civilização etrusca, anterior à civilização helénica. Nessa altura terá sido venerada como deusa da Memória, da razão, do cálculo e da invenção. Mais tarde e já durante o período helenístico, Minerva terá correspondido à deusa Atena, deusa grega da sabedoria e da inteligência. Já no período de assimilação pela civilização romana, a deusa Atena “transformou-se” em Minerva e nessa altura adquirido um “carácter” mais guerreiro tornando-se protectora de Roma, deusa da paz embora admitisse a guerra, desde que por causas justas e também a defensora dos práticos, dos artesãos e do trabalho manual e às vezes, também dos médicos. Os símbolos associados parecem ter sido o ramo da oliveira e o mocho.


Como é notória a capacidade de metamorfose da deusa Minerva ao longo das civilizações e como é notável a capacidade de adaptação à mudança que representa, do meu ponto de vista, um sinal de permanência e de sobrevivência. O que sobrevive hoje a Minerva? Qual será o futuro de MINERVA? Quais os valores que a fazem resistir? Em que formas nos vai garantindo a sua sobrevivência? Terá ainda capacidade de metamorfose suficiente, apesar dos obstáculos, certamente colocados por Cronos, deus do Tempo....Que valores subsistem nesta cultura? Aqueles que Minerva foi integrando ao longo das antigas civilizações? Aqueles que perduram no nosso quotidiano?

Ou seja, e este é o meu ponto: a escolha da deusa Minerva como figura simbólica e metafórica do Projecto dificilmente poderia ter sido mais feliz e sobretudo mais certeira.
De uma maneira ou de outra e desde a criação do Projecto Minerva, todos nós nos vimos envolvidos pelos seus encantos, nos empenhámos nesta paz, embora admitindo a guerra por esta causa que elegemos como justa, fazemos um apelo às nossa forças e à nossa inteligência para mobilizar os saberes, de experiência feitos... e agora até fazemos um apelo à nossa Memória, coisa naturalmente nada alheia à deusa Minerva, como vimos...
Estas reflexões conduzem-me à questão central deste texto. O que muda e o que permanece naquilo que muitos de nós já designaram a “cultura Minerva” querendo certamente significar não só um conjunto de valores como também uma certa perspectiva de utilizar e integrar as TIC na Educação, como expliquei em texto anterior(1).
Certamente estas questões merecem uma abordagem mais aprofundada que aquela que agora tenho oportunidade de fazer, mas no entanto, alguns contributos, mais em forma de desafio, aqui ficam.

A segurança na Internet: projectos e iniciativas
Depois destas considerações iniciais, trata-se agora de entrar no aspecto principal da comunicação: apresentar e divulgar as iniciativas europeias e os projectos no domínio da segurança na Internet e que têm como Grupos-alvo as crianças, jovens, professores e educadores bem com as famílias e a comunidade educativa em geral, em Portugal.
Existe uma estratégia europeia comum a todos os estados membros neste domínio e que implicam o desenvolvimento de várias linhas de acção concorrentes para a emergência de uma consciência europeia da necessidade de ter uma Internet mais segura. Esta estratégia está de momento a ser desenvolvida por uma rede de instituições, os nós nacionais do Projecto INSAFE e Portugal, enquanto país membro da União participa neste esforço através do Projecto SEGURANET que aproveitarei para divulgar nas suas linhas gerais.


(1) Ramos, J.L. (1998) A utilização e criação de micromundos de aprendizagem como estratégia de integração do computador no Ensino secundário. Universidade de Évora.

 

 
 

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