Luísa Todi
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Luísa Todi,
cujo nome de família era Luísa Rosa de Aguiar,
nasceu na cidade (então vila) de Setúbal,
aos 9 de Janeiro de 1753. Em 1768, o seu
nome era mencionado pelo capitão Manuel
de Sousa, na 1.ª edição de Tartufo, entre
os artistas que representavam esta comédia
no Teatro do Bairro Alto. Nesta peça representava
o papel de Lauriana (Dorina), a lacaia.
Posteriormente, a sua carreira mudou de
rumo. A 28 de Julho de 1769, casou na freguesia
das Mercês, em Lisboa, com Francisco Xavier
Todi, que era rebequista da orquestra da
real câmara e patriarcal e ainda do Teatro
do Bairro Alto.
Assim, como seu marido, este músico foi
uma das pessoas que entusiasmaram Luísa,
agora Todi, para o teatro lírico. Como seu
marido, Francisco Xavier Todi conhecia os
recursos vocais e o talento dramático da
actriz, pelo que tratou de aproveitá-los.
No Verão de 1770, já a encontramos cantora
e primadona desempenhando o papel jocoso
da marquesa viajante na Ópera Il viaggiatore
ridicolo, do maestro José Scolari. |
No Outono do mesmo ano de 1770, Luísa Todi executou
a parte jocosa de Gianneta, na Ópera L'incognita
persiguitata, do maestro Nicolau Piccini.
No Carnaval de 1771, ainda Luísa Todi estava
no Teatro do Bairro Alto, integrada no elenco
da Ópera Il beiglierbei di Caramania, do mesmo
José Scolari, na qual desempenhou a papel de Zoffira.
A sua voz era mezzo-soprano, de timbre um pouco
velado, e dedicou-se exclusivamente ao género
sério, ao estilo dramático sendo considerada como
uma das melhores cantoras do seu tempo. Todos
os testemunhos são unânimes em afirmar o prodigioso
êxito que a nossa insigne cantora alcançou em
Paris (onde chegou em 1778) nos Concertos Espirituais,
que aconteceram no Teatro da Ópera Francesa, e
na corte, em Versalhes.
Em 1771 foi pela primeira vez a Berlim, e cantou
num concerto dado em Postdam, residência real
de Verão, na presença do célebre Frederico II.
Nos finais de 1771 estava Luiísa Todi em Viena
de Áustria, onde, no dia 28 de Dezembro, deu um
concerto num teatro francês, com assistência dos
príncipes da casa imperial.
Em princípios de Fevereiro de 1784 partiu para
S. Petersburgo, estreando-se na Armida, de Sarti,
com um êxito prodigioso, e tamanha impressão causou,
que a imperatriz Catarina II a presenteou com
um magnÌfico adereço de fina pedraria.
Em 1791 vai para Itália, onde, no Carnaval de
Parma, conseguiu grandes triunfos. De Parma passou
a Veneza, onde cantou no Outono desse mesmo ano.
Em 25 de Agosto de 1792 Luísa Todi, estreou-se
em Madrid.
Em Abril de 1793, já se achava em Lisboa, onde
cantou por ocasião dos festejos que houve para
solenizar o nascimento da princesa D. Maria Teresa.
De 1793 a 1803 conhecem-se poucos detalhes da
vida de Luísa Todi. Naturalmente, vivia sossegada
e tranquila na sombra da sua glória, desfrutando
a riqueza que grangeara, em companhia de seu marido
e de seus filhos.
Em 1803 vamos encontrá-la residindo no Porto,
na rua Nova do Almada, onde faleceu seu marido
nesse mesmo ano.
Nos dez anos após a sua retirada do teatro,
Luísa Todi viveu dos seus rendimentos, normalmente
com certa ostentação. Mas, como a famÌlia era
numerosa, os últimos anos de sua vida foram passados
com algumas dificuldades financeiras.
Falava perfeitamente as línguas francesa, inglesa,
italiana e alemã e, durante as suas viagens adquirira
muitos conhecimentos nas cortes e com os povos
que visitara.
Em 1811 estava em Lisboa, onde residiu até ao
fim dos seus dias, em várias moradas.
Em 1813 Luísa Todi devido a anteriores problemas
de visão, já tinha um olho completamente perdido
e cerca de 1823, cegou completamente
Faleceu na Travessa da Estrela n.º 2, 2.º andar,
a 1 de Outubro de 1833. |