... sobre a ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO
“Não, uma escola nunca tinha feito.
Era suposto que eu só sabia fazer casinhas.
Uma escola era uma coisa muito grande para ser
feita por mim”.
“Foi uma experiência excelente. (...)
Uma escola é uma comunidade, tem uma variedade
de espaços muito grande que dá outro
interesse ao edifício. Gostei”
“Esta escola insere-se nesse movimento
de transformação de Setúbal,
correspondendo a programas diferentes, a um tratamento
mais global da paisagem, menos de adaptação
pontual das construções à
paisagem”
“Por trás desta escola está
uma escola, não no sentido material, mas
com o seu corpo docente, com os seus representantes,
neste caso a Comissão Instaladora que preparou
esta escola”
“Eu tenho a impressão que fiz um
esforço muito grande de enquadramento e
a escola não vai aparecer assim como um
bicho exótico”.
“ (...) Eu considero-a uma obra feliz na
minha vida profissional”
(...) Parece-me que, por um lado, é um
edifício sólido, não vai
sofrer um processo de degradação;
depois, tem uma organização interna
muito flexível, porque nós estabelecemos
uma modulação que me parece adequada
à organização de grandes
espaços”
“Eu creio que pode haver muita inovação
tecnológica, muita inovação
no campo da pedagogia, mas é um facto que,
numa escola, o que +e necessário é
ter espaço bastante flexível e um
sistema de comunicação entre os
espaços com uma certa largueza que este
edifício tem”.
“Creio que isto poderá funcionar
no Sec. XII. Não acredito que vá
haver tanta modificação, porque,
se nós virmos bem, uma escola moderna pode
perfeitamente funcionar, e funciona, num edifício
do Sec. XVIII”.
“Não há uma relação
directa entre inovação tecnológica
e capacidade de resposta de determinados espaços
e programas novos, a conceitos novos”.
“Acho que é um edifício claro,
com uma articulação que dá
uma grande flexibilidade aos espaços de
que dispõe e, portanto, vai resistir às
transformações que vierem a ser
necessárias e que, normalmente, não
são muitas”.
“ (...) A forma como eu concebo uma escola
é fundamentalmente um ponto de reunião,
de troca de informação entre gerações,
o que implica esta ideia de globalidade”.
“Eu não concebo uma escola que seja
simplesmente corredores e salas de aula, com dimensões
óptimas e mais não sei quantos anfiteatros”.
“É necessário que uma pessoa
se reconheça num espaço comunitário
e, aqui, preocupei-me com isso; não é
só o problema do pátio, mas também
do átrio”.
“Há um grande espaço, que
eu tive dificuldades em desenvolver, que recebe
as duas galerias de acesso às aulas, é
também um espaço que atravessa todo
o edifício e que abre sobre um pátio:
num dos braços a Cantina, e, no outro,
o Centro de Recursos”.
“Há intenção de haver
uma hierarquia de espaços diferentes, de
dimensões diferente e de características
diferentes, a par de uma grande variedade para
que exista essa ideia de globalidade, mas não
seja uma imposição”.
“Há-de haver sempre um canto para
alguém ou um grupo que se queira isolar”.
“Penso que muito do que se recebe numa
escola não tem a ver com as aulas, tem
a ver com o convívio, com o estabelecimento
de relações, com a abertura ao diálogo
e a vontade de conhecer outras ideias, outras
pessoas”.
SIZA, Álvaro,
Entrevista a revista Escola Nova, Setúbal.
Escola Superior de Educação, 1992