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Avaliação dos Cursos - Comunicação Social

Síntese Crítica e Conclusões

Sintetizando o processo de reflexão colectiva que conduziu à produção deste relatório de auto-avaliação, considera-se importante assinalar um conjunto de apreciações relativamente ao curso em avaliação.

Mas, talvez mais importante que as apreciações positivas e negativas que se podem concluir desta avaliação e que permitirão o desenvolvimento de um conjunto de medidas que possibilitem capitalizar os aspectos positivos identificados na diminuição das fragilidades encontradas, é a oportunidade de se estruturarem práticas e instrumentos de uma avaliação sistemática das nossas actividades. É (foi) também, a possibilidade das equipas que suportam as actividades desenvolvidas pela escola se encontrarem e reflectirem, identificando problemas e constrangimentos, definindo estratégias de desenvolvimento do(s) curso(s), da escola e dos que aqui trabalham e estudam.

Se por um lado, o presente documento reflecte algumas impressões, reunidas ao longo de anos de experiência pela generalidade dos docentes que colaboram na realização diária deste curso (quer directa quer indirectamente), também revela algumas realidades até agora ignoradas. É neste poder de sistematizar apreciações sobre as nossas actividades e de desocultar outras, que atribuímos ao processo de auto-avaliação todo o seu sentido e o seu valor prospectivo.

No termo deste processo, confirma-se um percurso em que a escola e os seus docentes se esforçaram por atingir o máximo de eficácia e de eficiência, mas evidencia-se que essas qualidades nem sempre foram atingidas nas acções e nos seus resultados.

Para facilitar semelhante reflexão, a análise SWOT afigura-se como um instrumento de análise capaz de, rapidamente, sintetizar as ideias-força a reter, um pouco à semelhança do que já foi feito anteriormente aplicado à ESE.

 

Quadro 5.1 - Síntese dos principais pontos fortes e pontos fracos do curso

Pontos fortes

Pontos fracos

  • Elevado número de docentes com actividade profissional na área da comunicação
  • Curso relativamente recente e com pouca notoriedade
  • Flexibilidade e polivalência da formação
  • Insuficiente ligação à comunidade local
  • Oferta do ramo de comunicação cultural
  • Insuficiente investigação na área da comunicação
  • Interacção com a licenciatura em Marketing da Escola Superior de Ciências Empresariais, também pertencente ao IPS
  • Instabilidade da equipa docente de algumas disciplinas específicas do curso, apesar da manutenção de um núcleo duro
  • Forte componente prática / profissionalizante
  • Ausência de horários nocturnos
  • Oferta na área do multimédia/informática
  • Insuficiente relação entre docentes dos vários departamentos envolvidos no curso
  • Formação na área educação para os media
  • Inexistência de um gabinete de estágios e de saídas profissionais
  • Disponibilidade de recursos informáticos, audiovisuais e bibliográficos específicos
  • Desarticulação horizontal e vertical de algumas disciplinas do curso
  • Relação de proximidade entre docentes e discentes
  • Difícil acesso a locais de estágio em número adequado e correspondente às necessidades do curso
  • Capacidade de actualização curricular

 

  • Proximidade em relação a Lisboa possibilitando interacção a vários níveis com profissionais, empresas e instituições

 

  • Condições pedagógicas para o sucesso escolar dos alunos

 

Internamente, o curso conta com fraquezas importantes, embora em número mais reduzido quando comparado com as forças:

  1. constata-se a existência de um conjunto alargado de docentes ligados ao curso através da leccionação de um número reduzido de disciplinas, mas que acumulam funções numa ou várias áreas da comunicação. São profissionais em plena vida activa ou que exerceram nalgum momento passado profissões de responsabilidade num qualquer área da comunicação, o que lhes permite investir na sua actividade docente com saberes que se revelam extremamente ricos para as aprendizagens dos alunos. Em geral, são os docentes mais respeitados e reconhecidos, quer pelos colegas, quer pelos próprios alunos, apesar de, nalguns casos e numa fase inicial, revelarem dificuldades na "aclimatação" às responsabilidades, metodologias e expectativas próprias da classe docente. Neste último ponto, a ESE em conjunto com as coordenações deve tentar aplicar uma política de formação contínua do seu pessoal docente, para além das exigências típicas àqueles que pretendam construir uma carreira académica.

  2. no entanto, há um núcleo duro de docentes, que conta já com alguns anos de dedicação ao curso e à ESE, vistos como uma espécie de "núcleo duro" da equipa docente deste curso que, apesar de tudo, não consegue colmatar alguma instabilidade da mesma. Trata-se dos tais profissionais no activo que, têm alguma dificuldade em permanecer dada a pressão exercida pela proximidade geográfica de Lisboa e as limitações que as exigências a que a própria profissão principal obriga. Quem permanece alega "amor à camisola", carinho pela instituição e alunos, além do desafio constante e aliciante que a actividade docente lhes proporciona, incitando-os a reflectir sobre o dia-a-dia da sua profissão e a investigar.

  3. Este corpo docente, ainda que instável, proporciona, em geral uma forte componente prática, na óptica da missão do ensino politécnico. A vertente profissionalizante tende a tranquilizar os alunos quanto às suas capacidades e saberes à saída da instituição. Exemplo disso são os três períodos de Estágio e a oferta de Oficinas variadas ao longo dos primeiros três anos do curso.

  4. Mas ser capaz de oferecer estágios de qualidade a estes jovens, implica pelo menos dois ingredientes básicos: a facilidade de acesso a instituições cooperantes a este nível, em número adequado e correspondente às necessidades e a existência de um gabinete ou outro tipo de estrutura que garanta a continuidade, profissionalismo e qualidade dos estágios proporcionados. Na prática, trata-se de uma gabinete de estágios e saídas profissionais que, pode e deve ser partilhado com os restantes cursos da instituição de molde a garantir notoriedade e coerência na imagem e procedimentos desta instituição junto do mercado de trabalho.

  5. Este último ponto relativo à imagem da ESE condiciona verdadeiramente os bacharéis ou licenciados em Comunicação, dado que, face a outros cursos similares oferecidos por instituições mais antigas e, tendencialmente mais conhecidas e cotadas pelos potenciais empregadores, há alguma desconfiança relativamente à ESE e a este jovem curso. Esta instituição ainda tem muito a fazer no que toca à aposta na valorização da sua imagem através de uma política concertada, coerente e a longo prazo baseada na confiança e na boa prestação dos seus diplomados.

  6. Os alunos deste curso podem contar desde há poucos anos com um ramo em Comunicação Cultural que lhes permite angariar outras valências e, consequentemente, um perfil de saída mais completo e polivalente capaz de assegurar um maior e mais exigente leque de tarefas e responsabilidades. Igualmente, a oferta de formação nas áreas do multimedia e informática, com particular relevo para as técnicas relacionadas com o novo mundo da Internet é considerada uma mais valia quer por docentes quer por alunos. Este ponto tem vindo a reconhecer franco desenvolvimento e interesse desde que a Escola apostou na disponibilização e actualização dos seus recursos informáticos, mas também audiovisuais e bibliográficos.

  7. O facto deste curso ser oferecido por uma Escola originalmente na área da Educação garante, em certa medida as necessárias condições pedagógicas para o sucesso escolar dos discentes além de que, sendo uma instituição que tem gradualmente vindo a crescer, se mantém pequena. É frequente encontrar alunos que mantêm uma relação de proximidade com docentes, num ambiente saudável valorizado por todos aqueles que têm oportunidade de cruzar as portas desta casa.

  8. A história deste curso revela vários momentos de reflexão sobre a oferta formativa aos seus alunos, determinada pela necessidade de ajustar a procura e a oferta de profissionais nos mais variados domínios da comunicação. Esta reflexão e algumas novas disposições legais, desencadearam processos mais ou menos longos de reestruturação e respectiva aplicação curricular. A capacidade de actualização a este nível é, de facto, considerada positiva. Mas há consequências nefastas que não convém descurar. Por um lado, conduz - entre outros factores - à instabilidade relativa do corpo docente, obriga ao ajustamento constante dos mais diversos actos administrativos, não permite cristalizar as mudanças operadas e induz alguma insegurança nos alunos quanto à eficácia destas alterações. No entanto, o saldo dos vários processos de reestruturação foi, por diversas vezes ao longo deste relatório, demonstrado ser positivo.

  9. Se este último ponto desencadeia fenómenos menos positivos, há ainda a considerar a desarticulação - combatida, é certo - entre várias disciplinas do curso, quer nos mesmos anos curriculares quer transversalmente do 1º ao 5º anos.

  10. Também ainda é insuficiente a quantidade da investigação realizada na área da comunicação, em geral a investigação realizada é decorrente dos esforços dos docentes para evoluírem na carreira. O investimento na área da educação para os media ou na educação para a comunicação, que se tem vindo lentamente a alargar para os restantes cursos da ESE, para além do curso em análise, é encarado como muito positivo.

  11. Há que reconhecer ainda a crescente interacção entre a ESE e a ESCE, nomeadamente nos domínios do Marketing e áreas afins da comunicação empresarial e a proximidade com Lisboa que, para além de exercer forte poder de atracção sobre docentes, alunos e instituições, também é encarada como oportunidade de encetar relações mais próximas e privilegiadas a vários níveis com instituições e profissionais diversos. Comparativamente com a relação da ESE/curso de CS com a comunidade local, Lisboa é, de facto, privilegiada, dada a insuficiente ligação com Setúbal.

  12. Finalmente, convém não esquecer aqueles alunos, em particular os detentores do estatuto de trabalhador-estudante, que sentem dificuldades acrescidas pelos simples facto da ESE não oferecer cursos em regime pós-laboral. Tal fraqueza pode ser contrabalançada pela flexibilidade deste curso, conferida pelo facto de atribuir dois graus académicos em duas etapas independentes ao mesmo tempo que insiste na polivalência da formação.

 

Quadro 5.2 - Síntese das Principais Oportunidades e Ameaças do curso

Oportunidades

Ameaças

  • Desenvolvimento do sector terciário na região, elemento gerador de novas necessidades profissionais na área da comunicação
  • Proliferação de cursos na área da comunicação
  • Desenvolvimento de uma cultura de comunicação nas empresas e nas instituições
  • Elevada oferta de licenciados em áreas da comunicação
  • Surgimento de novas empresas na área dos media
  • Questionamento sobre o funcionamento dos estágios nas empresas de comunicação social, por parte do sindicato dos jornalistas
  • Única licenciatura na área no ensino superior público no Distrito de Setúbal
  • Desvalorização da formação específica por parte dos empregadores
 
  • Existência de cursos similares no ensino superior público e privado em Lisboa

Esta síntese dever ser encarada com alguma tranquilidade, dado que uma ameaça identificada, antecipada e bem aproveitada poderá ser transformada numa oportunidade a não perder:

  1. se por um lado, a proliferação de cursos na área de comunicação pode afectar negativamente a capacidade de inserção profissional, de angariação de estágios e até a notoriedade de uns cursos ou instituições em relação a outros, por outro lado, a concorrência pode ser transformada em aliada em áreas assumidamente como "core competence" de cada parceiro. Além disso, a existência de cursos similares quer no ensino superior público quer privado em Lisboa, não deixa de permitir sublinhar que este curso oferecido pela ESE é o único no ensino superior público em todo o distrito de Setúbal.

  2. Se por um lado, há uma oferta elevada de licenciados nas várias áreas da Comunicação, o desenvolvimento e implantação de novas empresas e instituições destes domínios permite a absorção de toda a oferta de mão de obra a curto e médio prazo.

  3. Há ameaças recentes a ter em conta como a desvalorização da formação específica por parte dos empregadores ou o questionamento relativo aos estágios, em particular os estágios curriculares em jornalismo no que diz respeito ao seu funcionamento, utilidade e até legalidade por parte, por exemplo do Sindicato dos Jornalistas. São reflexões que devem ter lugar no seio dos docentes deste curso e rapidamente.

  4. Há que não esquecer que o jornalismo não é a única saída profissional para os diplomados em CS pela ESE, mas que o desenvolvimento e o espírito empreendedor desta região, em particular no sector terciário, tem vindo a despoletar novas necessidades na área da comunicação. Assiste-se ao despertar lento mas seguro de uma cultura de comunicação nas mais variadas empresas e instituições, dando origem também a novas profissões, como o gestor ou criador de conteúdos de sites na Internet ou técnico da função de protocolo nas autarquias.

Neste momento e mais importante do que todas estas conclusões, é fundamental cristalizar um sistema eficaz de auto-avaliação alargado aos restantes cursos, aplicado de forma sistemática e regular que compreenda a importância da qualidade em situação de ensino-aprendizagem no contexto específico do ensino superior público. Uma máquina bem oleada e funcional capaz de, mais do que avaliar e apontar o dedo aos defeitos, aplicar soluções que, ainda que não definitivas, pelo menos positivas e dinamizadoras no seio desta instituição.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Escola Superior de Educação de Setúbal
Data da última actualização: 16-01-2008
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